Na Semana Mundial da Enfermagem, conversamos com o coordenador do curso de Enfermagem da URI, Francisco Rodrigues, que fala sobre a atuação dos enfermeiros no mercado de trabalho, a preparação dos alunos para os desafios da profissão e mais: como a universidade atua nestes 15 anos de oferta do curso em Santo Ângelo.
Como o senhor analisa a profissão de enfermeiro atualmente?
A Enfermagem tem sido reconhecida em todos os setores relacionados à saúde como uma profissão de destaque, pois contribui significativamente em processos de tomada de decisões em órgãos públicos e privados, assumindo com competência e habilidade diferentes cargos dentro dessas instituições. Atua em diferentes níveis de atenção à saúde: baixa, média e alta complexidade.
É uma profissão que também se caracteriza por lutar pela inversão do modelo Posto de Saúde, tentando contribuir para que se construa um modelo epidemiológico/preventivo ao invés do fortalecimento e manutenção de ações e recursos em modelos clínicos, centrados exclusivamente na doença em detrimento a saúde. Cabe destacar que a Enfermagem atual se preocupa muito com o acesso dos usuários ao Sistema Único de Saúde (SUS), com o acolhimento e o vínculo desses usuários ao serviço, trabalhando pela resolução das ações em saúde, por um modelo organizado de atendimento. Sobretudo que se faça valer os direitos das pessoas ao acesso universal e igualitário aos serviços de saúde sustentados no que preconiza a nossa constituição.
Como está a valorização do profissional?
Os enfermeiros formados pela URI têm recebido uma boa aceitação no mercado de trabalho. Nesses 15 anos de curso, temos aproximadamente mil profissionais formados e a maioria colocada no mercado de trabalho, ocupando os diferentes cargos como relatado anteriormente. O nosso município tem evoluído nos últimos em relação à remuneração dos enfermeiros, mas acreditamos que, enquanto curso, que no futuro com a aprovação do piso salarial nacional da categoria, deverá ter outro patamar de valorização.
Como está o curso de Enfermagem da URI?
Neste ano, o curso de Enfermagem está completando seus 15 anos e com isso está atento para fortalecer cada vez mais o ensino apresentando à comunidade e aos acadêmicos. Nossos professores, 98% do quadro formado por mestres e doutores, possuem tempo integral, de acordo com as exigências do MEC. Desde 2010, atendemos as novas diretrizes curriculares nacionais de integralização mínima de cinco anos.
Além disso, estamos melhorando nossos espaços de laboratórios e a biblioteca constantemente para atender as demandas dos nossos acadêmicos com qualidade. É claro que como Universidade, temos um grupo de pesquisa consolidado desde 2002, o GEPESE, vinculado ao CNPQ, que produz e reúne os pesquisadores do curso e os alunos bolsistas, bem como enfermeiros técnicos vinculados a instituições externas.
Na extensão, temos diversos projetos em andamento junto à comunidade local. Ainda neste ano, fomos contemplados junto com os cursos de Farmácia, Educação Física e Psicologia para a participação no projeto PET-SAÚDE, do Ministério da Saúde, que tem como fio condutor a integração ensino-serviço-comunidade, reunindo diferentes profissionais das áreas que atuarão como preceptores vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, Coordenadoria Regional de Saúde, professores/tutores e alunos bolsistas da Universidade com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.
Já a nossa Pós-Graduação, nível Especialização, também está consolidada tanto a nível local quanto regional, oferecendo ao longo dos últimos dez anos cursos relacionado à área hospitalar e saúde pública.
Como está a demanda por profissionais?
Segundo pesquisa realizada pela Estação de Trabalho (IMS/UERJ) que funciona como um observatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em relação às condições de emprego do enfermeiro no ano de 2010, 88,7% não estiveram desempregados nos últimos três anos. Já em relação à configuração atual do emprego, a pesquisa constatou que não existe desemprego estrutural para enfermeiros no país e que a flexibilização do mercado de trabalho e a precarização do emprego não constituem agravo que afete o mercado laboral dos enfermeiros e que predomina o trabalho formal e no âmbito público.
Como está a preparação dos acadêmicos para enfrentar o mercado de trabalho?
A preparação dos acadêmicos é uma constante dentro do curso, portanto, os professores e a Universidade não medem esforços no que diz respeito a manter o ensino, a pesquisa e a extensão de qualidade. Os acadêmicos têm a sua disposição laboratórios e bibliotecas de excelência que auxiliam na construção do seu conhecimento.
Ao longo do curso desenvolvem em torno de 1.400 horas de atividades práticas em unidades básicas de saúde, ambulatórios, clínicas e hospitais. Realizam também viagens técnicas de estudo, participam de inúmeros projetos durante a sua trajetória. Para concluir, a formação do acadêmico está em sintonia com a missão da Universidade: “Formar pessoal ético e competente, inserido na comunidade regional, capaz de construir o conhecimento, promover a cultura, o intercâmbio, a fim de desenvolver a consciência coletiva na busca contínua da valorização e solidariedade humanas”.
Francisco Rodrigues
Coordenador do curso de Enfermagem da URI – campus de Santo Ângelo