segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Viagem de Estudo a Santa Catarina

No último dia 07 de agosto de 2011, a acadêmica do 8° semestre de Enfermagem, Gisele S. Siniak , realizando estágio supervisionado I no CASE – Santo Ângelo, e juntamente com a enfermeira da unidade e professora da URI, Carmen Zuse, acompanharam representantes do COMDICA em viagem de estudo dirigido ao Estado de Santa Catarina, município de São Bento do Sul. A referida visita teve como objetivo  conhecer o programa FAMÍLIAS DE APOIO, que faz o acolhimento provisório a crianças e adolescentes, programa este de alta complexidade e que faz parte das políticas públicas de saúde, regulamentado pela Lei Municipal n° 1.373, de 19 de agosto de 2005 e que tem como objetivos:
  • Garantir às crianças e adolescente que necessitem de proteção o acolhimento provisório por famílias de apoio, respeitando o seu direito à convivência em ambiente familiar e comunitário e a sua individualidade.
  • Oferecer apoio às famílias de origem, favorecendo a sua reestruturação para o retorno de seus filhos, sempre que possível.
  • Contribuir para a superação da situação vivida pelas crianças, adolescentes e suas famílias de origem com menor grau de sofrimento e perda, preparando-os para a reintegração familiar ou para a adoção.
Durante a ilustre visita, com a participação também do secretário da Assistência Social André Marques, pode-se conhecer a realidade na qual este público esta inserida, tanto as famílias de origem quanto as famílias de apoio, bem como as crianças e adolescentes, e assim, tivemos a oportunidade de refletir sobre a importância deste programa na vida de cada uma dessas pessoas, principalmente das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
O programa é composto por uma vasta rede de profissionais indispensáveis ao funcionamento, como: Educação (pedagoga, psicologa, escolas, professores), Assistência Social, Conselho Tutelar, Juizado da Infância e Juventude que atuam em conjunto para que se obtenha o resultado desejado.
As famílias de Apoio passam por uma seleção criteriosa para que possam fazer parte do programa, e durante o tempo em que estiverem atuando recebem juntamente com a criança ou adolescente, todo o apoio de que necessitem e que a rede possa oferecer para melhor contribuir com todos os envolvidos. No período em que a criança esta em medida de proteção com a família de apoio, a sua família de origem também tem um suporte, é trabalhada efetivamente no sentido de restabelecer, melhorar e ainda sanar os problemas pelos quais fizeram com que seus filhos fossem, por ordem judicial, retirados de seu lar, para que no futuro próximo, esta criança possa retornar à família de origem. E, se isso não acontecer então ocorre a destituição do pátrio poder familiar.
Hoje posso dizer que a opinião que eu tinha antes dessa visita à cidade mudou. À medida em que conheci a realidade, as inúmeras situações de vulnerabilidade que permeiam estas crianças, o tamanho amor, dedicação, empenho, importância e ênfase que cada um dedica em prol deste programa me emocionou muito, me fez repensar muitos critérios e conceitos que antes eu via com outro olhar.
Percebi que enquanto a criança esta em medida de proteção, a família de origem deve ser trabalhada e ha muitas formas de mudar, melhorar, sanar alguns problemas existentes: pode ser através de educação continuada para as famílias de origem, através de acompanhamento psicológico, tratamento medicamentoso e acompanhamento de toda a rede, de todo suporte que houver para dar assistência a essas famílias de origem, afim de restabelecê-las para que possam receber seus filhos futuramente, assegurando-lhes todos os direitos estabelecidos pelo ECA.
Há uma frase dita pelos integrantes da equipe de São Bento do Sul e famílias que me marcou muito: “O AMOR MUDA COMPORTAMENTOS (RELACIONAMENTOS)”. Essa fez com que me questionasse varias vezes em que medida ou proporção isso seria verdade e a quem se aplicaria, ou por quanto tempo o amor poderia mudar alguém. Confesso que quando eu percebi, através dos relatos das famílias de apoio que o amor pode mudar tudo e todos, fiquei sem palavras. Compreendi que o amor ultrapassa barreiras e ultrapassa obstáculos, e para mim isso acontece quando uma família de apoio faz um trabalho maravilhoso, assegurando à criança todo amor e carinho, atenção e dedicação, cuidados, dispensado-lhes mimos, proporcionando-lhes condições dignas de vida e todos os direitos e deveres a que têm direito, e um dia, quando a família de origem estiver apta a receber novamente o seu filho, a família de apoio é trabalhada para esse rompimento de relações afetivas.
É claro que as famílias de apoio sabem que um dia essa criança poderá voltar à família de origem ou ser adotada por outra família, e isso não significa que tal fato seja mais fácil de ser enfrentado simplesmente por terem sido informadas disso antes, NÃO. Ouvimos relatos emocionantes de uma família de apoio que faz este trabalho voluntario há dezesseis anos e já tiveram o prazer e a alegria de acolher 15 crianças, e relatam que em todas as vezes que as crianças foram desligadas do seu seio familiar para retornarem a família de origem ou para serem adotadas, a reação era a mesma: alegria e tristeza. Alegria pelo fato de saber que a família de origem se restabeleceu e já pode receber seu filho, assegurando-lhes seus direitos básicos de vida, mesmo que não sejam as mesmas condições que a criança tinha com a família de apoio. Tristeza pelo fato de não ter mais a presença diária da criança em casa, enchendo suas vidas de alegria, passar a ter menos contato com ela e deixar que ela siga seu destino, sabendo que fizeram sua parte e que para aquela criança eles fizeram a diferença. Enfim, a certeza: O AMOR MUDA RELACIONAMENTOS.
Texto por Gisele S. Siniack, Acad. Enfermagem, 8º semestre, URI - Campus de Santo Ângelo.

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